domingo, 20 de março de 2011

Pura e simples aleivosia

Uma verdadeiro absurdo!!!
Formação de quadrilha? - Calúnia!
Eu?!? Acusada de ser a mentora da turma?
Como assim?
Atirar pedras pela janela da casa do zelador?
Bater nas portas e sair correndo?
Chutar a bola direto na porta da garagem sabendo que tem gente dormindo dentro?
Tirar os pregos de fixação da lona da churrasqueira?
Entrar pingando no elevador recém limpo?
Dar apelidos para os moradores inconvenientes?
Puxar um fio imaginário na rua só para rir das pessoas freando?
Gastar caixas e caixas de estalinhos e bombas fedorentas?
Jogar bexiguinhas no terraço do primeiro andar?
Imagina!!
Eu jamais teria feito uma coisa dessas.... (hihihi)

Fui desmascarada... hahahahah
Eu: Admito, o grande sonho era colocar superbonder na fechadura.
O ex-síndico: Ah, é? De quem?
Eu: Do sapo... (glup)... do seu fulano, do apartamento 132.
O ex-síndico: Mas aquele merecia mesmo... deviam ter posto...
Eu: hahahah
Eu (em pensamento): Sério?!? Porque não me disseram isso há 20 anos?
Droga!!!! Perdi a oportunidade!

PS1: Não sabes o que é aleivosia? Espero que ao menos saibas o que é um dicionário.
PS2: Não! Não foi Jesus que falou com a "véia do reino de deus" naquela noite. Fui eu, pela janela do banheiro... hahahah. Mas ouvir ela dizer: "Ai meu Deus, ele falou comigo", definitivamente não tem preço!

Juliana

          “Mais uma noite de silêncio”. Esta foi a primeira frase que ouvi quando atendi aquele telefonema as 23:30h. Eu estava com sono, mas o apelo de uma amiga não deve ser ignorado. Juliana soluçava e eu já imaginava o motivo: há uma semana não recebia notícias do seu namorado.


          Nas últimas vezes que se falaram recebeu um balde de água fria. O que piorava tudo é que ela o havia encorajado a ir, quando todos ao redor impunham empecilhos.

          Primeiro disse que não sentia a sua falta. Juliana ficou arrasada, mas compreendeu que as novidades daquele curso no exterior o mantinham entretido demais, enquanto a vida dela seguia na rotina. Dois meses após avisou que permaneceria um mês a mais, a fim de conhecer melhor a região antes de retornar. Novamente ela concordou sem questionar, mas desde esse dia não recebeu mais telefonemas ou mails.

          Sentei e peguei uma folha de papel para rabiscar. Sabia que independente do que eu falasse aquela conversa iria longe. Do outro lado da linha ela desabafava. Dentro dela havia uma vontade imensa de fazê-lo sentir uma corda imaginária sufocando-o até o ponto em que o ar lhe faltasse da mesma forma com que sentia sua falta ao seu lado. Percebi as lágrimas que provavelmente estavam escorrendo e me senti inútil. Tentei sem sucesso encontrar uma solução.

          No seu quarto, Juliana permanecia deitada, embora quisesse com todas as forças correr para o aeroporto mais próximo e pegar o primeiro avião rumo a Madri. Sugeri que colocasse esse plano em funcionamento. Na manhã seguinte poderia comprar uma passagem para visitá-lo. Achei que poderia ser uma boa solução, mas ela citou tantas dificuldades que me questionei se ela queria realmente reduzir seu sofrimento. “Viajar sozinha tantas horas? E se ele estiver com outra ou não quiser me ver o que vou fazer? E se ele só estiver com dificuldade de acessar a internet?”

          “Somos mesmo diferentes” – ponderei. Não suportaria viver com tantas incertezas. Preferiria muito mais o sofrimento de descobrir a realidade e a partir daí tentar reconstruir minha vida. Não gosto da dúvida porque ela me corrói a mente e o corpo. Dizem que enquanto houver dúvida, existe esperança. Mas neste caso... Que esperança é essa?

          Juliana agora chorava compulsivamente. Acreditava piamente na teoria de um livro que havia lido. A força de seu pensamento teria sozinha a capacidade de trazê-lo volta apaixonado.

          Mesmo com o esforço de manter meus olhos abertos ainda consegui formular minha contra teoria: os pensamentos servem para fortalecer a vontade e induzir a ações concretas. Do que adianta querer e não fazer nada para conseguir?

          Estava pensando se dizia ou não essas palavras à minha amiga, mas percebi que suas lágrimas estavam cessando. Ter compartilhado seus medos e suas angústias havia sido suficiente para acalmá-la. Agora poderia dormir em paz. Voltaria a pensar nisso na noite seguinte caso ele não ligasse.

          Desligamos. Então descobri que o sono havia me abandonado. Eu sofria por ver minha amiga daquele jeito e tinha certeza que a paz não duraria 24 horas. Rolei de um lado para o outro por mais de meia hora sem encontrar posição para dormir ou solução para o problema. Lembrei o nome da escola onde Rafael estudava e olhei no relógio: muito cedo ainda. Coloquei o despertador para algumas horas mais tarde e consegui dormir.

          Na manhã seguinte liguei para a escola sem me preocupar com os custos de uma ligação DDI em horário comercial. Agradeci os 2 anos de espanhol que há muito tempo atrás minha mãe me obrigara a fazer e depois de agüentar uma música tão chata quanto aquelas utilizadas em algumas empresas por aqui consegui falar com ele.

          Expliquei o motivo da ligação. Ele riu. Estava cansado das manifestações diárias de ciúmes e de desespero da Juliana. Inicialmente ligava todo dia por saudades, mas escutava em troca acusações e lamentos. Decidiu não ligar mais. Precisava pensar se ela era realmente quem ele pensava.

          Aliviada desliguei o telefone e fui trabalhar. No caminho lembrei dos sábios conselhos da minha avó: “Antes de opinar, conheça os dois lados da história. Depois de conhecê-los fique quieta, pois nunca saberás ao certo quem está dizendo a verdade”.