No ano passado minha cunhada ganhou uma cadela bagunceira e hiperativa. Foi impossível mantê-la no apartamento e ela acabou sendo trazida para a minha casa.
Amarela e com uma capa preta que lembra um pastor, orelhas grandes e pontudas, um focinho fino e olhos pedichões. Ela é assim! Um bicho feliz.
Morde tudo, pula, destroi e jamais obedece ordens ou chamados. Mas a gente se afeiçoa e acaba gostando tanto do bicho que acha graça de tudo que ele faz. Ela é carinhosa, faz festa, espera ansiosa um momento de desatenção para invadir a casa todas as manhãs e tem um jeito só dela de "deitar para receber cafuné". (Algo semelhante a um contorcionismo canino, jamais visto anteriormente por nenhum individuo do nosso círculo de amizades.)
Ontem, voltando do feriado, fui a primeira a chegar. Sempre chego em casa esperando os latidos, ganidos e demais sons, mas desta vez escutei apenas o latido grave dos dois "velhos". Eles me receberam como de praxe, com rabo abanando, mas logo percebi que algo estava errado. Chamei, assobiei e nada.
Entrei, mas apesar da festa feita pela gata que eu amo demais, fui direto ao telefone. Talvez meu irmão estivesse com ela. Não, não estava. Comecei a ficar nervosa, ele também, talvez ainda mais do que eu. Enquanto ele vinha prá cá comecei a procurar. Procuramos por todo pátio na esperança que estivesse machucada e com medo que estivesse morta, envenenada. Mas não havia nem sombra dela, nem de uma possível rota de fuga.
Conversando com um vizinho descobrimos que outro cão das redondezas havia sumido há algumas semanas. Gelei! Tinham roubado nossa Luna!!! Mas quem roubaria um vira-latas? Com que intenção? Ninguém com boa intenção rouba um cão do seu dono. Tentei dormir, mas foi impossível, cheguei a imaginar que ela pudesse ter sido usada em algum ritual macabro.
A Lu (minha gata) não parava de miar e arranhar a porta do meu quarto. Provavelmente ela também notou que algo estava errado e que todos estavam nervosos. Abri a porta e ela entrou correndo e subiu na cama. Foi a minha sorte! Com ela colada em mim consegui pegar no sono, torcendo para que, por milagre, a Luna reaparecesse pela manhã.
Acordei com um falatório embaixo da janela, morrendo de sono e com olheiras da noite mal dormida. Abri a janela assim mesmo para olhar e prá minha surpresa lá estava ela! Abanando o rabo! Feliz! Nosso vizinho a encontrou! Não sabemos como, mas ela conseguiu pular para o terreno do lado. A diabinha nem prá ganir indicando que tava viva! Eu não sabia nem como agradecer. O monstrinho estava ali de novo! Sã e salva!
Diálogo - arte no iPhone
Há 14 anos