segunda-feira, 25 de abril de 2011

A pior noite do ano

No ano passado minha cunhada ganhou uma cadela bagunceira e hiperativa. Foi impossível mantê-la no apartamento e ela acabou sendo trazida para a minha casa.

Amarela e com uma capa preta que lembra um pastor, orelhas grandes e pontudas, um focinho fino e olhos pedichões. Ela é assim! Um bicho feliz.

Morde tudo, pula, destroi e jamais obedece ordens ou chamados. Mas a gente se afeiçoa e acaba gostando tanto do bicho que acha graça de tudo que ele faz. Ela é carinhosa, faz festa, espera ansiosa um momento de desatenção para invadir a casa todas as manhãs e tem um jeito só dela de "deitar para receber cafuné". (Algo semelhante a um contorcionismo canino, jamais visto anteriormente por nenhum individuo do nosso círculo de amizades.)

Ontem, voltando do feriado, fui a primeira a chegar. Sempre chego em casa esperando os latidos, ganidos e demais sons, mas desta vez escutei apenas o latido grave dos dois "velhos". Eles me receberam como de praxe, com rabo abanando, mas logo percebi que algo estava errado. Chamei, assobiei e nada.

Entrei, mas apesar da festa feita pela gata que eu amo demais, fui direto ao telefone. Talvez meu irmão estivesse com ela. Não, não estava. Comecei a ficar nervosa, ele também, talvez ainda mais do que eu. Enquanto ele vinha prá cá comecei a procurar. Procuramos por todo pátio na esperança que estivesse machucada e com medo que estivesse morta, envenenada. Mas não havia nem sombra dela, nem de uma possível rota de fuga.

Conversando com um vizinho descobrimos que outro cão das redondezas havia sumido há algumas semanas. Gelei! Tinham roubado nossa Luna!!! Mas quem roubaria um vira-latas? Com que intenção? Ninguém com boa intenção rouba um cão do seu dono. Tentei dormir, mas foi impossível, cheguei a imaginar que ela pudesse ter sido usada em algum ritual macabro.

A Lu (minha gata) não parava de miar e arranhar a porta do meu quarto. Provavelmente ela também notou que algo estava errado e que todos estavam nervosos. Abri a porta e ela entrou correndo e subiu na cama. Foi a minha sorte! Com ela colada em mim consegui pegar no sono, torcendo para que, por milagre, a Luna reaparecesse pela manhã.

Acordei com um falatório embaixo da janela, morrendo de sono e com olheiras da noite mal dormida. Abri a janela assim mesmo para olhar e prá minha surpresa lá estava ela! Abanando o rabo! Feliz! Nosso vizinho a encontrou! Não sabemos como, mas ela conseguiu pular para o terreno do lado. A diabinha nem prá ganir indicando que tava viva! Eu não sabia nem como agradecer. O monstrinho estava ali de novo! Sã e salva!

sábado, 23 de abril de 2011

A confiança

          Sem aviso prévio me deparo com algo novo e desconhecido. Finjo sentir-me segura, embora uma parte de mim queira fugir. Quero enfrentar o perigo, mas encolho-me. À minha frente um abismo. Sinto minha cabeça rodar e instintivamente dou um passo atrás. Sinto dentro de mim cada órgão como se tivessem vida própria. Respiro com dificuldade. Ponho a mão direita sobre os olhos e inclino levemente a cabeça. Preciso me concentrar. Sei que sou mais forte que isso. Começo controlando a respiração e pouco a pouco meu corpo retorna ao nível basal. Agora sim posso enfrentar o desafio. Volto ao ponto inicial e analiso com mais frieza as possibilidades. Então compreendo que a única arma disponível é a confiança. Devo confiar que tudo pode dar certo. Confiar em quem me trouxe até aqui. Confiar em mim mesma, na minha capacidade. Percebo claramente o quanto é difícil confiar mesmo sem ter motivos para não fazê-lo. Me posiciono e fecho os olhos: a coragem para saltar é tão semelhante aquela necessária para confiar... Tomo minha decisão. Inclino o corpo e sinto o vento no rosto. Resolvo abrir os olhos, certa de me arrepender, mas surpreendentemente me dou conta de que não estou caindo e sim voando.

A incerteza

As cartas foram postas na mesa e o jogo teve início. Para alguns, basta aguardar o desenrolar das rodadas, para outros a incerteza da vitória torna a espera insuportável. Tento me manter no primeiro grupo, mas inconscientemente procuro nos olhos dos outros jogadores algo que denuncie seus planos.


Chega a minha vez. Compro uma carta da pilha e a coloco junto às outras. É necessário analisar todas as possibilidades antes de descartar aquela com menor possibilidade de vir a ser útil num futuro próximo. Mesmo após uma análise cuidadosa corre-se o risco de jogar no centro da mesa a carta errada.

E assim como as rodadas de um jogo de cartas seguem as incertezas da vida. Tão fáceis de solucionar quando não participamos diretamente delas, tão atrozes quando somos seus protagonistas. Envolvidos pela insegurança deixamos de sorrir mesmo quando quase tudo parece andar bem. Esquecemos o mundo e focalizamos a dúvida, fazendo dela, e só dela, nosso universo.

No dia seguinte, independentemente do sofrimento envolvido, a solução chega e nos desarma. Sem a dúvida não sabemos mais quem somos ou o que queremos e de repente percebemos que transformamos a dúvida no nosso combustível vital. Sem ela a vida não tem sentido exatamente no momento em que mais deveria ter.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

As chuvas da minha infância

Ah, o ensurdecedor som da chuva no telhado de zinco. Uma doce lembrança da infância, quando subíamos no sótão empoeirado para brincar nas férias de julho. Hoje o sótão está limpo e organizado e o telhado de zinco agora fica em cima de uma cobertura de madeira que abafa os ruídos. Minha mãe sem dúvida fez um ótimo trabalho por aqui. Os antigos estalidos e a camada de dois dedos de poeira deram lugar ao conforto de uma sala de jogos e a um museu com objetos pertencentes à casa desde a sua construção em 1898.


Ao menos uma coisa não mudou por aqui: as aranhas. Elas surgem entre os vãos dos tijolos, debaixo das almofadas, em cima dos móveis. É engraçado, geralmente quando se fala em infância as pessoas geralmente se lembram dos longos verões no litoral gaúcho, quando a água do mar parecia estar sempre na temperatura ideal para as brincadeiras. Eu não. Por algum motivo, lembro deste sótão, das caminhadas lomba acima até a ermida e dos fins de tarde na sacada da “casa mal-assombrada”.

Hoje subi aqui para me refugiar do mundo. Deitei e, olhando para a antiga TV a válvula e para alguns utensílios da antiga farmácia do meu bisavô, logo as lembranças se tornaram vivas dentro de mim. Alguém pode se perguntar como eu vim parar aqui. A resposta é fácil: o barulho da chuva me trouxe. Subi com munição suficiente para várias horas: nem computador, nem MP3, nem celular... Um livro. O Conde de Monte Christo - 1° volume – edição de 1936. Sim, português arcaico, mesmo para mim que aprendi o antigo português na escola. Mas e daí? Qual o problema de ler palavras como “delles”, “cincoenta”, “abbade” ou “comprehenção” se a história realmente vale a pena ser lida?

Vereadora: ser ou não ser?

Ultimamente venho analisando com carinho a possibilidade de me candidatar a vereadora. Seria o emprego ideal: eu ganharia bem, não faria nada e ainda me manteria longe da mira da imprensa, que lembra apenas dos deputados e senadores. Vereador seria o único cargo do gênero que me possibilitaria manter o anonimato. Quantas pessoas lembram em quem votaram para vereador nas úlitmas eleições? 10%? Não, deve ser menos que isso.

De qualquer forma, quantos votos são necessários para se eleger? Uns 500? É, deve ser no máximo isso. Só entre tios e primos já seriam no mínimo 50 pessoas. Se cada um deles arrumasse mais 10 pessoas (e ai daquele que não conseguir) e eu já estaria eleita! Nem é tão difícil achar 10 pessoas dispostas a digitar 5 números na urna eletrônica sem ter a menor noção de quem é o candidato em questão. Posso até colocar uma foto bem sexy no santinho e conseguir muitos votos...

Depois de eleita é só aproveitar o mandato, digo, o salário e aparecer de vez em quando na câmara prá não ficar chato. Trabalhar ali seria até útil: eu poderia caminhar no marinha, ver uma mostra cultural no gasômetro, me aposentar bem jovem... e nem precisaria dar grandes explicações sobre o salário. Quem manda aumentar o próprio salário são os deputados federais. O meu apenas aumentaria por tabela!

Daí um dia entrei no carro e escutei pelo rádio uma discussão prolixa sobre alguma coisa envolvendo cotas para mulheres na política. Se esse absurdo fosse aprovado (absurdo mesmo, porque não suporto a idéia de não poder competir de igual para igual com qualquer ser humano, apenas por ter nascido XX e não XY), bom, nesse caso eu estaria feita! Bastaria meia dúzia de votos para eu conseguir a vaga. Seria eleita não pela minha capacidade ou pela confiança das pessoas em mim, seria eleita por existir um número mínimo de mulheres garantido por lei.

Então resolvi perguntar a um amgo o que ele pensava a respeito e bastou eu dizer que não o colocaria como meu assessor para descobrir que não receberia seu voto. Tô mesmo com a moral muito baixa! Pelo visto continuarei dando duro e recebendo um salário que parece cada vez menor perto do preço das coisas básicas. No fim das contas, não adianta, gosto do que faço. Se eu mudasse de vida, poderia até ganhar mais, mas provavelmente não seria feliz.

Quinta-feira, Santa ou tiradentes, tanto faz

Saí de casa tranqüila. Feriadão, cidade vazia, maravilha... Ou não! Esqueci que nesses dias aqueles tios que nunca dirigem resolvem dar uma volta só para desenferrujar o motor e para saber se ainda são capazes de fazer o carro andar para frente.


Mal dobrei a esquina e já dei de cara com um deles: 30km/h, pisca alerta ligado, andando em zig zag. (Zig zag neste caso é uma tendência a deslocar-se para a esquerda toda vez que alguém tenta ultrapassá-lo, retornando à posição inicial após detectar a desistência da manobra ou a presença de veículos no sentido oposto.) Motorista zig zag é igual bêbado. Melhor não ultrapassar porque o risco de acidente é grande. Segui mais umas quatro quadras atrás dele, ainda sem entender porque o pisca alerta continuava ligado.

Foi então que passou por mim uma moto com o pneu traseiro afundado com o peso de dois “gordinhos” e a cena imediatamente me fez esquecer tanto do tio zig zag quanto do Chevette bege (originalmente parado uns 5 carros na minha frente) que começou a roncar assim que a sinaleira abriu e que ainda não tinha conseguido arrancar. Será que moto é como elevador e tem peso máximo suportável??? Deve ter... A cena dos parafusos da roda traseira saltando como num desenho animado passou ligeiro na minha frente e foi pensando nisso que cheguei ao meu primeiro destino: o shopping.

Estacionei na primeira vaga disponível e desci do carro diretamente para cima do salto. Peguei minha bolsa e coloquei os óculos escuros na cabeça. Minha postura altiva seguramente chamou a atenção dos homens ali presentes, mas definitivamente meu poder de sedução não faz parte deste relato.

Fui direto à praça de alimentação, parando apenas para dar uma olhadinha na coleção nova de uma loja de acessórios. Lindos... Mas a fome era maior e meu irmão também estava por ali (mera coincidência, mas almoçar acompanhada é sempre mais agradável). Começamos as buscas por uma mesa vazia e novamente obtive êxito com a técnica ninja. (Técnica que exige rapidez e muita habilidade e que consiste em jogar si mesmo ou um objeto pessoal sobre uma mesa, entre o tampo e as bandejas, no exato momento em que estão sendo retiradas pelas pessoas que se levantam.) Par ou ímpar para decidir quem vai primeiro comprar a comida e pronto: agora basta aguardar a minha vez.

Barriga cheia, mala no carro, um expresso duplo e bora prá estrada. Antes de sair da cidade ainda tive o prazer de encontrar um tio que gosta tanto de andar na linha que conduz seu veículo exatamente no meio das duas pistas, obstruindo a rua. Mas assim que entrei na BR-116 os caminhões me pareceram uma canção de ninar e pouco a pouco me acalmei, ao menos até Scharlau, onde começam os intermináveis pardais.

Hoje encontrei uma nova diversão! Contar pardais na estrada até Garibaldi. São doze ao todo, entre pardais e lombadas eletrônicas. Será que alguém pode me explicar porque existem tantos deles na mesma estrada? Será que se reproduzem e logo encontraremos pardaizinhos brincando felizes, correndo no acostamento? Pelo menos me diverti. Afinal, que graça teria subir a serra sem nenhum caminhão carregado andando a 20km/h e provocando aquela longa fila de automóveis?

Às 23:30h, deitada na mesma cama e no mesmo quarto onde minha avó dormia quando criança, desisti de dormir apesar do sono. A rave embaixo da minha janela pelo visto ia longe. Eu não estava a fim de dar uma de velha e chamar a polícia. Então peguei meu caderno (sim, sou antiquada a ponto de rabiscar rascunhos num caderno que obrigatoriamente permanece num local de fácil acesso: embaixo da cama ou dentro da bolsa). Mas voltando ao assunto: Então peguei meu caderno e, percebendo a total falta de inspiração causada pelas batidas da música, resolvi escrever sobre meu dia. No fim, nem me pareceu um texto tão ruim.

Karina

- Karina?


5 segundos depois: - Sim?

- Acorda! Tá pensando em que?

- Em quem...

- De novo?

- Difícil esquecer...

- Ele casou!

- Eu sei...

- E...

- Ainda o amo.

- Sai dessa!

- Fácil falar. Me apaixonei pelo homem errado, eu sei, mas ainda sofro ao vê-lo deixar a filha na escolinha.

- Já se passaram anos!!

- 5

- Cinco anos?!? Meu Deus, Karina, quem te olha acha que foi ontem que ele te deu aquele fora! Foi ele quem quis assim!

- Ele não teve opção.

- De novo a teoria da fofoca?

- Tenho certeza. O que o faria mudar da água pro vinho em horas?

- Sei lá... Esquece... Tem tantos homens disponíveis por aí...

- Ainda não conheci ninguém que valesse a pena.

- E aquele teu colega, o João Vicente? Parece que ele te faz tão bem...

- É, faz mesmo. Sempre me faz rir. Ele não é nem de longe o homem dos meus sonhos, mas confesso que gosto demais da companhia dele.

- E se não me engano sentiste falta dele esses tempos.

- É. Ele tinha viajado.

- Ora, ora, ora... Impressão minha ou esse coraçãozinho anda batendo por outro? Não acredito, amiga, como isso me faz feliz!

- Não sei o que sinto na verdade. Gosto da disponibilidade que ele tem para participar ao menos um pouco do meu dia-a-dia. Isso realmente me faz feliz.

- Disponibilidade?!?

- É... Ele me faz sentir como se estivesse o tempo todo comigo. Me faz ficar envergonhada, dar risada, me provoca e me tranqüiliza. Às vezes tenho vontade de beijá-lo na primeira oportunidade, mas nunca tive coragem de fazê-lo.

- Só porque ele não é bonito como o Fernando?

- Antes fosse... Não faço porque meus sentimentos estão confusos.

- Acho melhor fazer antes que a oportunidade se vá.

- Esse é outro problema, já foi.

- Como assim já foi???

- Ele tá namorando, me disse esses dias.

- Ai amiga! Te declara! Luta por ele!

- Não posso, Lu! Não quero que a história se repita e não vou lutar por algo que sequer tenho certeza.

- Karina?

- O que?

- Tu tá apaixonada?

- Não tô, não. Paixão é algo incontrolável.

- Karina, tu tá apaixonada.

- Será?

domingo, 10 de abril de 2011

O conselheiro

Caro conselheiro,

Há alguns anos minha amiga perdeu seu grande amor em um acidente de carro. Desde aquele dia, ela permaneceu sempre deprimida e não queria fazer mais nada até o momento em que conheceu um homem que a fez repensar a vida. Isto me faria muito feliz porque quis vê-la sorrindo novamente, mas a vida nunca é assim tão simples. Nós duas estamos apaixonadas pelo mesmo homem. Na verdade, descobrimos este “pequeno problema” no domingo passado. Nós estávamos passeando no parque e o vimos passeando com seus dois labradores amarelos. Foi ela quem o viu inicialmente e logo me falou: “Lembra do cara de quem te falei? Meu colega de trabalho, aquele novo na empresa? É aquele ali com os cachorros!”. Me virei entusiasmada para ver o responsável por tantas mudanças positivas na minha amiga, mas quando o vi me faltou ar e quase tive um infarto! Era ele! Meu parceiro nas aulas de dança de salão!!! Não tive coragem de falar nada em voz alta, mas ela percebeu que havia alguma coisa que eu sabia sobre ele e não queria falar. Esta é minha história e preciso de ajuda. Me diga, por favor, o que devo fazer???
Ass. Bailarina apaixonada

Cara Bailarina apaixonada,

Devo dizer que seu caso é bastante delicado e dificilmente será resolvido sem que hajam grandes perdas. Esconder esse fato de sua grande amiga só torna a situação ainda mais complicada. Apesar de ambas terem se interessado pelo mesmo homem, me parece que nenhuma de vocês realmente iniciou um relacionamento com ele. A amizade de vocês me parece verdadeira e seria muito triste vê-la acabar devido a uma frase não dita. Sua amiga deve estar preocupada com o que escondeste naquele dia. Seja franca e ela entenderá.

Ass. Conselheiro

Caro Conselheiro,

Não tive coragem de seguir seu conselho. Somos muito próximas e tenho plena consciência de tudo que ela sofreu. Não foi somente a perda do marido que ela amava, mas também uma série de problemas que parecia não ter fim. Gostaria muito que minha amiga fosse feliz, mas não acredito que a felicidade dela esteja ligada à minha desgraça! Dizes que nenhuma de voz de fato iniciou um relacionamento com ele e tens razão, porém todo meu esforço até conseguir dançar com ele não pode ter sido em vão! Ou achas que entrei na classe avançada de graça? Foram semanas seguindo-o até descobrir onde dançava, muitas aulas particulares, horas e horas de treino... Fiz tudo por ele. Não é tão simples, depois de quase um ano na luta, minha amiga resolve gostar do mesmo cara simplesmente porque ele mudou de emprego e por acaso caiu no mesmo setor dela?
Ass. Bailarina Apaixonada

Cara Bailarina,
Me surpreendi com as informações que recebi na tua última carta. Perseguição não é um sinal de amor, minha querida. Entendo seu sacrifício para ficar ao lado dele, mas depois de tanto tempo, ele já teria demonstrado algum interesse caso quisesse alguma coisa contigo. Talvez estejas com raiva por ter uma grande amiga como concorrente, sendo que não há concorrência se o produto oferecido não é do agrado do consumidor. O que está acontecendo? Medo que ele goste da tua amiga e não de ti? Pensa bem, talvez ele não goste de nenhuma das duas, mas o importante é que de alguma forma ele fez bem a sua amiga.
Ass. Conselheiro

Caro Conselheiro,
Como é que é??? O produto não agrada? Como ousas falar uma coisa dessas sem nem mesmo me conhecer? Enquanto minha amiga ficava deprimida, chorando pelos cantos, eu sempre chamei a atenção de todos os homens por onde andei. Ela que vá encontrar alguém do seu estilo, largado, gordo, sei lá... Mas essa história de roubar o meu homem de novo? Nem pensar! Ela já fez isso no colégio, ficou com o guri só porque sabia que eu estava a fim dele. Quem sabe tu fazes o trabalho para o qual está sendo pago e me dá logo algum conselho que preste?
Ass. Bailarina Indignada

Cara Bailarina,
Pelo visto me enganei profundamente ao acreditar que vocês duas eram amigas verdadeiras. Se continuas falando com ela deve ser porque ela tem algo muito “precioso” para te oferecer. Talvez um irmão mais velho que tu ainda não tenhas beijado, talvez uma casa de férias num lugar paradisíaco ou talvez ela seja tua amiga, enquanto tu não passas de uma tola invejosa. Se queres um conselho meu, presta atenção e repensa esse teu modo de ver o mundo, senão serás eternamente infeliz. Tenho dúvidas sobre teu real sentimento para com esse rapaz e não me surpreenderia saber que te “apaixonaste” à primeira vista ao vê-lo no parque por um mero sentimento engasgado de vingança desde o colegial.
Ass. Conselheiro

Caro Conselheiro,
Não acredito que gastei metade do meu salário contigo, enquanto ela continuava lá, como quem não quer nada, tomando cafezinho, almoçando junto, trocando mensagenzinha pelo Messenger. Sabe o que eu consegui? Consegui ver os dois jantando juntos ontem à noite!! Aquela fingida me paga... disse que não tinha nada com ele. O que será que ele viu nela, hein? Prá variar as coisas sempre dão errado comigo!! E desta vez foi tudo culpa tua!
Ass. Bailarina irritada

Cara Bailarina,
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