Saí de casa tranqüila. Feriadão, cidade vazia, maravilha... Ou não! Esqueci que nesses dias aqueles tios que nunca dirigem resolvem dar uma volta só para desenferrujar o motor e para saber se ainda são capazes de fazer o carro andar para frente.
Mal dobrei a esquina e já dei de cara com um deles: 30km/h, pisca alerta ligado, andando em zig zag. (Zig zag neste caso é uma tendência a deslocar-se para a esquerda toda vez que alguém tenta ultrapassá-lo, retornando à posição inicial após detectar a desistência da manobra ou a presença de veículos no sentido oposto.) Motorista zig zag é igual bêbado. Melhor não ultrapassar porque o risco de acidente é grande. Segui mais umas quatro quadras atrás dele, ainda sem entender porque o pisca alerta continuava ligado.
Foi então que passou por mim uma moto com o pneu traseiro afundado com o peso de dois “gordinhos” e a cena imediatamente me fez esquecer tanto do tio zig zag quanto do Chevette bege (originalmente parado uns 5 carros na minha frente) que começou a roncar assim que a sinaleira abriu e que ainda não tinha conseguido arrancar. Será que moto é como elevador e tem peso máximo suportável??? Deve ter... A cena dos parafusos da roda traseira saltando como num desenho animado passou ligeiro na minha frente e foi pensando nisso que cheguei ao meu primeiro destino: o shopping.
Estacionei na primeira vaga disponível e desci do carro diretamente para cima do salto. Peguei minha bolsa e coloquei os óculos escuros na cabeça. Minha postura altiva seguramente chamou a atenção dos homens ali presentes, mas definitivamente meu poder de sedução não faz parte deste relato.
Fui direto à praça de alimentação, parando apenas para dar uma olhadinha na coleção nova de uma loja de acessórios. Lindos... Mas a fome era maior e meu irmão também estava por ali (mera coincidência, mas almoçar acompanhada é sempre mais agradável). Começamos as buscas por uma mesa vazia e novamente obtive êxito com a técnica ninja. (Técnica que exige rapidez e muita habilidade e que consiste em jogar si mesmo ou um objeto pessoal sobre uma mesa, entre o tampo e as bandejas, no exato momento em que estão sendo retiradas pelas pessoas que se levantam.) Par ou ímpar para decidir quem vai primeiro comprar a comida e pronto: agora basta aguardar a minha vez.
Barriga cheia, mala no carro, um expresso duplo e bora prá estrada. Antes de sair da cidade ainda tive o prazer de encontrar um tio que gosta tanto de andar na linha que conduz seu veículo exatamente no meio das duas pistas, obstruindo a rua. Mas assim que entrei na BR-116 os caminhões me pareceram uma canção de ninar e pouco a pouco me acalmei, ao menos até Scharlau, onde começam os intermináveis pardais.
Hoje encontrei uma nova diversão! Contar pardais na estrada até Garibaldi. São doze ao todo, entre pardais e lombadas eletrônicas. Será que alguém pode me explicar porque existem tantos deles na mesma estrada? Será que se reproduzem e logo encontraremos pardaizinhos brincando felizes, correndo no acostamento? Pelo menos me diverti. Afinal, que graça teria subir a serra sem nenhum caminhão carregado andando a 20km/h e provocando aquela longa fila de automóveis?
Às 23:30h, deitada na mesma cama e no mesmo quarto onde minha avó dormia quando criança, desisti de dormir apesar do sono. A rave embaixo da minha janela pelo visto ia longe. Eu não estava a fim de dar uma de velha e chamar a polícia. Então peguei meu caderno (sim, sou antiquada a ponto de rabiscar rascunhos num caderno que obrigatoriamente permanece num local de fácil acesso: embaixo da cama ou dentro da bolsa). Mas voltando ao assunto: Então peguei meu caderno e, percebendo a total falta de inspiração causada pelas batidas da música, resolvi escrever sobre meu dia. No fim, nem me pareceu um texto tão ruim.
Diálogo - arte no iPhone
Há 15 anos
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