domingo, 28 de março de 2010

Amor proibido

Carinha de bebê, com tua pele morena, teu jeito pacato e tímido de ser. Teu olhar me cativa, teu corpo me excita, tua voz é um prazer. Quem me dera eu pudesse beijar teus lábios molhados e teu corpo suado eu pudesse abraçar. Imagino em meus sonhos, que tiro tua roupa, te amando num morro, de frente pro mar.


Mais uma noite em claro, pensando no teu rosto angelical. Misturo lembranças antigas, de um tempo em que eu ainda conseguia amar e me entregar. Me impressiono com as divergências entre teu jeito sereno e teu olhar, que é como um veneno que me paralisa. Enquanto fico aqui, sonhando com algo proibido, deves estar dormindo ternamente, sonhando com algo mais verossímel.

Cansaço

Quase afundei nas águas profundas do mar revolto, mas cheguei a salvo no leito de palha que hoje me parece feito da maciez das nuvens. Nada pode ser mais compensador, depois da árdua jornada na qual me empenhei, como se dela minha vida dependesse e qualquer falha me levasse à desgraça. O sono invade, sugando a energia que ainda resta em meu corpo. Tento lutar com afinco contra as janelas que insistem em manter-se fechadas. A imaginação e o senso crítico parecem evadir-se, deixando-me vazia, nua e abandonada; largada sobre um leito frio num dia cinzento, sem conseguir mover-se ou sussurrar palavras.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Amor de verão


Finalmente resolvi tomar uma iniciativa, já que fazia horas que estava ali, olhando na mesma direção, sempre para a mesma pessoa.


A praia estava cheia, porém sua silhueta com curvas perfeitas se destacava da multidão de corpos comuns, magros ou gordos demais, sem coxas, sem bundas, sem ombros másculos. Seu rosto volta e meia esboçava um sorriso, ficando ainda mais belo. Sobe o corpo, somente uma sunga branca que fazia contraste com a tonalidade bronzeada da sua pele.

Durante pouco mais de uma hora tentei enlouquecidamente desviar a atenção. Música alta, livro de leitura, diário de bordo; nada disso adiantou. Sua presença provocava um efeito magnético sobre os meus olhos. Nunca tinha visto alguém tão perfeito e a única certeza que tive naquele momento é que, se não falasse com ele, me arrependeria pelo resto de minha vida.

Mas como se aproximar deste homem encantador? Precisava ser uma frase criativa, mas de impacto; que despertasse sua curiosidade e que, ao mesmo tempo, não fosse vulgar. Os minutos passaram e trouxeram consigo a inspiração. Me dei conta da máquina fotográfica nas minha mãos e inconscientemente meus dedos começaram a girar o objetiva, embora o foco fosse apenas cerebral.

De repente um click. Repeti algumas vezes a frase dentro da minha cabeça como se isso pudesse me encorajar até que ele começou a se comunicar com algumas pessoas que estavam mais afastadas. Senti que poderia ser minha última oportunidade e, antes que eu pudesse pesar prós e contras, as palavras saíram da minha boca quase involuntariamente. “Posso tirar uma foto tua?”.

Seguiu-se a dúvida: “Como?”.

“Uma foto tua”. – Respondi segura.

Um olhar perplexo e incrédulo precedeu o sim. Até agora não sei o que passou pela cabeça dele naquele momento, mas uma coisa eu garanto: foi uma ótima companhia por algumas horas.

Sedução x inocência

Sua mão desliza sobre meu abdome explorando cada dobra, cada centímetro, cada sinal. Me relaxo, fecho os olhos e recosto minha cabeça sobre teu ombro onde, entre um sussurro e outro, posso sentir tua respiração, lenta e ritmada. Desejo cada vez mais que teus dedos encontrem meu seio, mas eles seguem comportados. Lentamente passeiam pelo limite imposto pela calça jeans saint-tropez... Exploram cada milímetro sem ultrapassar aquela linha imaginária; sem abrir nem mesmo um botão; deixando-me cada vez mais sedenta do seu beijo. Mudo de posição. Quero olhar teus olhos enquanto sinto teu carinho. Deito no teu colo e teu rosto me incita a pensamentos sensuais. E assim me deleito em um prazer solitário, mesmo estando a dois. Minhas mãos percorrem teu peito, tão bem definido quanto o do David, na piazza della signoria, tão sedutor quanto o Robert Pattinson. Passo a mão entre os pelos estrategicamente localizados e na medida certa. Estou perdida em meus pensamentos. O sutiã segue fechado e teus dedos seguem torturando-me, sem jamais passar dos limites impostos pela roupa. Tento fugir, mas tu me abraças, me puxas prá trás e começas a beijar meu pescoço. E o fazes de uma maneira tão tranquila que me faz suspirar. Bastou um sussurro em meu ouvido para que eu sentisse a calcinha molhar. É tarde e devo retornar a casa. Sei que dificilmente esta cena se repetirá, mesmo assim me desvencilho dos teus braços e sigo meu caminho. Não sei quantas outras surpresas a vida me reserva, mas esta lembrança... Não a perderei tão facilmente.

Olhos azuis

Queria sobreviver ilesa aos teus olhos azuis que me seduzem e me encantam, mas perco o rumo toda vez que os vejo. Seu brilho é como um imã que me paralisa e me impede de desviar o olhar. Me afogo na profundeza azul que me suga e tento em vão recobrar o juízo. O alvoroço que cresce dentro de mim me aflige. Não sei até quando resistirei ao apelo silencioso deste azul celeste penetrante.

Olhos azuis que me fascinam e me desorientam. Peço de joelhos para que me alforriem. Que me libertem deste desejo carnal que me inferniza e deste lamúrio solitário inacabável. Imploro pelo retorno da tranquilidade aos meus pensamentos, permitindo não apenas um sono tranquilo, mas também sonhos mais reais.

sábado, 20 de março de 2010

Luciano Huck e a minha vida diária

Definitivamente, dinheiro demais faz mal. Melhor dizendo dinheiro demais nas mãos de alguns resulta infalivelmente em um aumento da poluição visual, auditiva e psíquica a que somos submetidos diariamente.


Quem tem classe compra um home theater e se delicia em sua própria casa com uma seleção de filmes a seu gosto, que seja qual for não precisa ser compartilhado pela vizinhança.

Quem não tem, gasta a mesma quantia num baita som automotivo prá valorizar o porta malas do escort 98 e roda a cidade mostrando a qualidade do seu brinquedo novo ao som de muito funk e pagode.

Daí eu estou na rua, voltando cansada do trabalho. Não aguento mais ficar parada na Carlos Gomes e quando parece abrir uma brecha no meio dos carros a sinaleira fecha. Nesse momento percebo o barulho que se aproxima. Meus olhos fitam o sinal vermelho e imploram para que o verde se acenda. Após alguns segundos, discretas ondas vibratórias percorrem o meu carro e nesse instante nem é preciso virar o rosto para compreender que o bonitinho que freou bruscamente está agora do meu lado. Impressionante como fazem de tudo para chamar a atenção para suas latas velhas amassadas e invariavelmente cheias de adesivos de gosto duvidoso.

Num atoreflexo mental lembro do Luciano Huck e seu programa do lata velha. Meu vizinho barulhento me parece um ótimo candidato para o programa. E batidão não dá trégua “... e vai descendo até o chão”.

A sinaleira abre e, antes que eu possa engrenar a primeira marcha, o carro ao meu lado sai cantando pneu. Meu deus.... será que ele acha isso bonito???

terça-feira, 9 de março de 2010

Farmville

Suzana estava inconformada naquela terça. Seus amigos a haviam posto contra a parede antes mesmo do início das aulas. Tudo aquilo só porque ela tinha faltado ao encontro no parque naquele fim de semana. Bom, não havia sido somente naquele... fazia já 2 meses que ela "esquecia" a programação extra-classe. Ela tentou explicar, mas foi interrompida centenas de vezes por seus amigos.

- É inadmissível!! - gritou Heitor.
- Não vejo nada demais! - retrucou Suzana.
- Ah! Fala serio! Nos trocar por isso???? - Carol não acreditava no que ouvia.

Vanessa aproveitou um minuto de silêncio de todos e tomou as rédeas da reunião. Pediu a Suzana que explicasse o que estava fazendo nos finais de semana.
- E todos vocês fiquem quietos! Deixem ela falar!

Suzana começou:
- Pessoal, eu gosto de ficar em casa. Tenho alguns livros para ler, em sua maioria romances. Aproveito os fins de semana para isso. Eu chego em casa, janto e depois entro na internet para fazer a colheita do farmville. Se eu comer rápido e não ficar de conversa fiada com meus pais sobra mais tempo para eu ler. Acabo lendo até tarde e porisso acordo sempre ao meio dia.
 Agora olha só como vocês me atrapalham! Sábado passado eu acordei e semeei morangos. Daí fui assistir a um clássico do telecine light, daqueles que já sei de cor, mas sempre acabo vendo de novo. Um minuto antes da cena que eu mais gosto, bem quando o casal ia se conhecer tocou o telefone! Era a Carol chamando para comer burrito! Ah! Maldade, né? Vocês sabem que eu adoro comida mexicana, mas bem que ela podia ter ligado antes! Eu teria semeado tomates, que levam 8 horas para ficar prontos, ao invés dos morangos que levam só 4. Óbvio que não fui. Eu não voltaria a tempo e perderia toda a safra!!
 Nesse domingo foi ainda pior. Vocês inventaram esse encontro na sexta! Puxa vida! Eu tinha plantado alcachofras e elas levam 4 dias para ficarem prontas! Como é que eu ia passar o domingo inteiro fora e jogar fora todo esse trabalho? Ainda mais sabendo que eu ganharia uma pontuação extra por ter atingido a meta de 850 alcachofras colhidas!!! Abrir mão disso e não passar de fase só para ficar no parque conversando e tomando chimarrão??? Quem faria uma coisa dessas??

Seus amigos a olhavam chocados. Somente Vanessa foi capaz de falar, tentando ao máximo não ser agressiva: - Su, amiga, estás viciada nesse jogo!!

- Viciada? Eu? Claro que não! Que absurdo! Posso controlar os horários e colher só nas minhas horas livres! Não preciso deixar de fazer nada, basta calcular o tempo necessário do plantio até a colheita!

- Ah, é? - retrucou Heitor. - Então porque não foste no churrasco da turma na minha casa no mês passado? Pimenta? Milho? Arroz? Ou que outro vegetal idiota precisava ser plantado e colhido???

- Que saco! Como vocês são chatos, hein? Volta e meia tem churrasco da turma, qual é o problema de faltar um deles? No próximo eu vou, basta não me avisar em cima da hora!

-VICIAAAADAAAAA - gritaram todos em conjunto

- Me deixem em paz! Já disse que não sou viciada.

- Tá, chega por hoje, vamos deixar a Su em paz! Hoje à tarde podemos nos reunir para fazer o trabalho de história na biblioteca e depois podemos comer um xis. O que acham?

- Boa idéia Carol!

- Nossa tinha até esquecido desse trabalho... to mesmo precisando de nota em história. Vamos sim. Suzana?

- Desculpa gente, vou fazer o trabalho em casa mesmo, preciso colher o trigo antes.

TRRRIIIMMMMMM

Salva pelo sinal da escola Suzana entrou na sala e sentou, longe dos amigos. Vanessa, Carol, Heitor e todos os outros fizeram um acordo rápido: ou mostramos a ela como está errada em fazer isso ou deixamos de ser amigos dela! Não houve dúvida: aproveitariam a tarde para bolar um plano de reabilitação para Suzana.

O Amor

Algumas vezes penso em ti como um cometa. Um cometa que atravessa minha vida de vez em quando: rápido demais para que eu o alcance, lindo demais para que eu o esqueça. Seu brilho me acalenta e me dá esperança. Tua passagem irradia minha alma e me permite sonhar. Quando vais embora, deixas um rastro de boas lembranças, mostrando o caminho pelo qual devo seguir. Jamais avisaste se voltarias, mas nunca duvidei do teu retorno. Perto ou longe serás sempre minha estrela guia. Te espero ansiosa... nao demores tanto desta vez.

domingo, 7 de março de 2010

Dói uzói - Agressão visual

Admito meu amor ao português, esta língua maravilhosa que tenho a honra de falar. Amor que se estende ainda para outras linguas latinas que também me oferecem a riqueza gramatical da minha lingua-mãe. Fiquei chateada com algumas das mudanças recentes, que na minha opinião exaltam a ignorância. Mas tudo bem. As linguas vivas se modificam com o tempo.

Já nem presto atenção aos erros cometidos na lingua falada. Erros tão corriqueiros que parecem já serem corretos. Mas quando leio um cartaz como esse aqui ao lado (foto realizada em Tramandaí neste verão) realmente entro em choque. São apenas 3 palavras e o indivíduo foi incapaz de acertar ao menos uma delas!!!

Será que ele nunca ouviu falar em dicionário? Não custa nada dar uma olhadinha no amansa burro quando não temos certeza da grafia de um vocábulo! Perde-se o quê? 1 minuto? Ah! Sim! É verdade! Talvez ele nem saiba usar um dicionário... todas as palavras numa tal de ordem alfabética... deve ser dificil saber que letra vem depois da outra. (Falando nisso, acho que devo reestudar as regras do hífem... não sei mais como usá-lo, meu português ainda é arcaico)

Se eu conseguisse caminhar sempre com a minha máquina obteria facilmente centenas de outras publicidades do gênero. Com preciosidades como "eletrezista", "melância", "concerto biçicleta" e outros tantos do gênero. Basta prestar atenção para ver cartazes como este.

Sem dúvida falta leitura.
Pelo menos na minha época se aprendia a ler e compreender o significado do que se lia na primeira série do primeiro grau, atual ensino fundamental. Hoje em dia formam-se no segundo grau semi-analfabetos, pessoas que conhecem as letras, mas não as juntam formando palavras. Leem como as crianças: A-ca-sa-ve-er-me-lha-da-e-e-es-qui-na.

Tudo bem... eu me irrito com pouco. Talvez seja verdade. Mas escrever certo não me parece tão difícil assim...

Platonico...

Eu poderia beijar aqueles lábios, mas não sei se seria capaz de afastá-los para que nada mais ocorresse. Permaneço onde estou e tento evitar teus olhos, mas os cruzo cada pouco e isso parece inevitável. Seus movimentos me hipnotizam. Desde o momento que apareceste sobre aquele tatame pela primeira vez, todas as minhas lutas se tornaram secundárias. A luta da minha vida passou a ser contigo. Te conquistar um pouco mais a cada encontro sem jamais me aproximar demasiadamente. Até hoje não tive forças para dar um passo a frente. Tua postura altiva acua as pessoas e nem mesmo essa faixa preta ao redor da minha cintura é capaz de me encorajar o suficiente para te enfrentar. Sigo preparando-me, dia após dia, para o momento certo. Aquele em que estaremos frente a frente nesse tatame, sem juízes ou técnicos. E então iniciaremos nossa luta, a mais bela e a mais difícil de todas, onde, embora possamos nos machucar algumas vezes, no final ambos sairão vencedores.