Definitivamente, dinheiro demais faz mal. Melhor dizendo dinheiro demais nas mãos de alguns resulta infalivelmente em um aumento da poluição visual, auditiva e psíquica a que somos submetidos diariamente.
Quem tem classe compra um home theater e se delicia em sua própria casa com uma seleção de filmes a seu gosto, que seja qual for não precisa ser compartilhado pela vizinhança.
Quem não tem, gasta a mesma quantia num baita som automotivo prá valorizar o porta malas do escort 98 e roda a cidade mostrando a qualidade do seu brinquedo novo ao som de muito funk e pagode.
Daí eu estou na rua, voltando cansada do trabalho. Não aguento mais ficar parada na Carlos Gomes e quando parece abrir uma brecha no meio dos carros a sinaleira fecha. Nesse momento percebo o barulho que se aproxima. Meus olhos fitam o sinal vermelho e imploram para que o verde se acenda. Após alguns segundos, discretas ondas vibratórias percorrem o meu carro e nesse instante nem é preciso virar o rosto para compreender que o bonitinho que freou bruscamente está agora do meu lado. Impressionante como fazem de tudo para chamar a atenção para suas latas velhas amassadas e invariavelmente cheias de adesivos de gosto duvidoso.
Num atoreflexo mental lembro do Luciano Huck e seu programa do lata velha. Meu vizinho barulhento me parece um ótimo candidato para o programa. E batidão não dá trégua “... e vai descendo até o chão”.
A sinaleira abre e, antes que eu possa engrenar a primeira marcha, o carro ao meu lado sai cantando pneu. Meu deus.... será que ele acha isso bonito???
Diálogo - arte no iPhone
Há 15 anos
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