quarta-feira, 24 de março de 2010

Amor de verão


Finalmente resolvi tomar uma iniciativa, já que fazia horas que estava ali, olhando na mesma direção, sempre para a mesma pessoa.


A praia estava cheia, porém sua silhueta com curvas perfeitas se destacava da multidão de corpos comuns, magros ou gordos demais, sem coxas, sem bundas, sem ombros másculos. Seu rosto volta e meia esboçava um sorriso, ficando ainda mais belo. Sobe o corpo, somente uma sunga branca que fazia contraste com a tonalidade bronzeada da sua pele.

Durante pouco mais de uma hora tentei enlouquecidamente desviar a atenção. Música alta, livro de leitura, diário de bordo; nada disso adiantou. Sua presença provocava um efeito magnético sobre os meus olhos. Nunca tinha visto alguém tão perfeito e a única certeza que tive naquele momento é que, se não falasse com ele, me arrependeria pelo resto de minha vida.

Mas como se aproximar deste homem encantador? Precisava ser uma frase criativa, mas de impacto; que despertasse sua curiosidade e que, ao mesmo tempo, não fosse vulgar. Os minutos passaram e trouxeram consigo a inspiração. Me dei conta da máquina fotográfica nas minha mãos e inconscientemente meus dedos começaram a girar o objetiva, embora o foco fosse apenas cerebral.

De repente um click. Repeti algumas vezes a frase dentro da minha cabeça como se isso pudesse me encorajar até que ele começou a se comunicar com algumas pessoas que estavam mais afastadas. Senti que poderia ser minha última oportunidade e, antes que eu pudesse pesar prós e contras, as palavras saíram da minha boca quase involuntariamente. “Posso tirar uma foto tua?”.

Seguiu-se a dúvida: “Como?”.

“Uma foto tua”. – Respondi segura.

Um olhar perplexo e incrédulo precedeu o sim. Até agora não sei o que passou pela cabeça dele naquele momento, mas uma coisa eu garanto: foi uma ótima companhia por algumas horas.

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