sábado, 29 de maio de 2010

A Decisão (Parte 6/6)

          Marcele passou os olhos rapidamente pelo painel do carro novo da amiga e sentiu um líquido amargo percorrendo o trajeto até sua boca. Nunca havia pensado como ela fazia para comprar tantas coisas caras com o salário de secretária da empresa. Tinha algo estranho em tudo isso: o carro, a roupa provocante, olugar onde iam. E quem seria esse amigo misterioso?
          Fez algumas perguntas mas obteve apenas respostas vagas. Em resumo, tratava-se de alguém que Flávia havia conhecido na semana anterior e que não lembrava do nome porque havia sido apresentada a muitas pesoas naquela festa. Era amigo de um amigo dela. Um que Marcele não conhecia. Estava começando a desanimar, mas a amiga insistia que era um bom partido.
          Pararam numa esquina movimentada e Marcele olhou para o barzinho onde costumava ir com as suas outras amigas. O lugar estava animado e instintivamente começou a procurar por elas. Tinha tantas boas recordações daquele lugar. Virou-se para Flávia e perguntou o preço do ingresso da festa onde iam, mas ela não sabia. Há alguns anos não pagava, tinha ingressos VIP sempre que queria.
          Marcele pela primeira vez ficou aturdida com a resposta. Algo não se encaixava nesta história. Luxo e festas gratuitas. Algo estava errado. Marcele não sabia o que era, mas desconfiou que seria melhor continuar sem saber. "Seja lá o que for, não sei se quero participar". - raciocinou. Voltou-se novamente para a miga e pediu que encostasse o carro.
          Desceu ali mesmo, sob o olhar descrente de Flávia, numa rua não muito movimentada. Atravessou a rua pensando onde poderia pegar um táxi. Escutou a voz de Flávia questionando se ela tinha certeza do que estava fazendo, mas nem se deu ao trabalho de resonder. Estava com o celular na mão, tentando falar com suas verdadeiras amigas. Precisava encontrá-las para pedir desculpas pelo que tinha feito e por não ter ouvido seus conselhos. Ninguém atendeu. Pegou um táxi e foi direto ao Dona Xica, ponto de encontro quase obrigatório da turma do trabalho, mas elas não estavam lá.
          Estava já indo embora quando escutou seu nome. Não reconheceu a voz, mas começou instintivamente a procurar alguém conhecido. Não foi difícil. algumas pessoas acenaram de uma mesa no centro do bar. Foi até lá agradecendo internamente por não er que retornar tão cedo para casa, mas pensou duas vezes antes de sentar quando viu que seu colega bobo da corte apaixonado fazia parte do grupo. "Só uma cervejinha e vou embora."
          Depois de várais cervejas a conversa seguia animada. Marcele nem percebeu o passar das horas. Fábio, radiante com a oportunidade, ofereceu carona e Marcele aceitou. Entrou no gol do colega e balançou a cabeça. Precisava admitir: ele não seria jamais o homem com quem sonhara desde criança, mas há anos não se sentia tão bem na companhia de alguém.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Surto de Romantismo

E sem aviso prévio ou sinais premonitórios ele foi acometido por um surto de romantismo. Tornou-se irreconhecível aos olhos de sua amada. Ele, que antes era uma pessoa tão fria, tornou-se puro sentimento. Ela estranhou seu comportamento, questionou suas intenções e a veracidade desta transformação. Queria muito acreditar nas belas mensagens recebidas, mas estava ciente que poderiam tranquilamente tratar-se de mais um truque bem estudado para convencê-la a dar-lhe uma segunda chance. Ele por sua vez, desdobrava-se para encontrar as palavras que pudessem exprimir seus sentimentos e que fossem fortes o suficiente para afastar a imagem negativa que havia criado para si mesmo. Estava arrependido das suas atitudes incorretas e do seu comportamento inadequado. Algo naquela última vez que a vira o fez perceber o quanto a amava, o quanto a respeitava. queria colocar uma pedra sobre um passado que agora o envergonhava. Sabia o quão difícil seria esta tarefa, sabia que talvez todos os seus esforços fossem em vão, mas sabia também e principalmente o quanto queria realizá-la.

Ainda um insight de normalidade (parte 5/6)

          Marcele chegou ao prédio onde morava, pegou a correspondência com o porteiro esubiu. Ainda no elevador começou a abrir os envelopoes. Entre as diversas propagandas e malas diretas estavam as contas do mês e a fatura do cartão. Quase deixou cair todos os seus pertences ao perceber que estava novamente negativa no banco. Não sabia mais de onde tirar dinheiro.
          Produtos caros para uso pessoal se misturavam às roupas de grife compradas com um cartão eternamente mantido no limite. apesar do ótimo salário Marcele começou a se endividar. Segundo ela aconteceu porque não ganhava o suficiente, porém com o mesmo salário suas colegasfaziam milagres. Duas já tinham comprado um imóvel e a outra viajava anualmente. Ao invés de usá-las como exemplo, Marcele as criticava por suas fraquezas, suas decisões erradas esuas vidinhas medíocres.
          Mas naquele dia ela precisava esquecer tudo isso e focalizar seu problema. Que acontecimentos a teriam levado a esse ponto? Não conseguia lembrar onde teria gasto tanto dinheiro. Como descobrir? Não teve tempo suficiente para formular muitas hipóteses porque seu celular começou a vibrar dentro da bolsa. Nova mensagem: "Festa hoje. Te pego às 22h. quero te apresentar uma pessoa." Olhou as contas sobre a mesa. Não sabia por onde começar. Talvez espairecendo um pouco conseguisse pensar em alguma solução. Resolveu ir à festa e adiar o problema. Olhou rapidamente o relógio e calculou que ainda daria tempo para a manicure e a chapinha.
          Correu para o salão agradecendo por ter encontrado um apartamento tão perto de tudo o que precisava, mas lá dentro não conseguiu relaxar como de costume. Sua cabeça insistia em voltar a pensar nas contas por mais que tentasse evitar essa lembrança. Lembrou também do compromisso que havia marcado com a mãe no dia seguinte e chegou à conclusão que não conseguiria acordar a tempo. Chegou a ligar para cancelar o almoço mas não teve coragem. Chegaria mais tarde se precisasse, mas se sentiria mal se não comparecesse.
          Um pouco depois das 22h um Audi prata parou na frente do prédio de Marcele e buzinou. Ela estranhou, mas o vidro foi abaixado e ela pode ver a amiga no banco do motorista. Desceu correndo com as sandálias na mão, o vestido preto que mais gostava e acessórios prata. Estava realmente linda ao entrar naquele carro.
          "Carro novo?" - perguntou à Flávia.
          "Sim. Lindo, né? Ganhei do Paulo, esse cara com quem estou saindo."
          Uma estranha sensação percorreu o corpo de Marcele.

Saindo do controle - Parte 4/6

          Foi no primeiro emprego que Marcele conheceu Fábio. Todos gostavam dele. Simpático, prestativo, trabalhador e, sem dúvida, apaixonado. Apaixonado por Marcele como nunca havia sido por ninguém. A única a não percebr era exatamente o objeto do seu desejo, que seguia poderosa entre os balcões do laboratório, muitas vezes sem nem mesmo olhar para os lados.
          Fábio sofria calado. Não tinha coragem de se aproximar dela. As coisas pioraram ainda mais quando Marcele começou a sair com a Flávia, uma secretária belíssima cujo padrão de vida não correspondia ao salário que recebia. Foi Fábio quem as viu entrando numa danceteria chique após furarem uma longa fila. No dia seguinte contou às colegas o que vira e pediu que falassem com sua amada. Flávia não inspirava confiança. Presença constante nas festa da alta sociedade e sempre acompanhada de amigos ricos, não gozava de boa fama dentro da empresa. Todos questionavam a origem do dinheiro que sustentava tais festas e outros luxos.
          As amigas bem que tentaram, mas a teimosia de Marcele falou mais alto. Teimosia ou ganância? Talvez nem ela soubesse neste momento qual era sua maior motivação. Acusou-as de invejosas. Sim. Tinahm inveja de verem as portas se abrindo para outra que não elas. Inveja dos presentes caros que havia ganho de um amigo da Flávia no seu aniversário. Inveja de não serem elas a furar filas e entrar de graça nas festas mais badaladas da cidade.
          Preocupadas com o futuro da amiga decidiram continuar do seu lado e tentar aos poucos afastá-la desta má influência. Escutaram caladas às longas e contínuas narrativas das festas do fim de semana; Pouco a pouco tornou-se evidente que para ser escolhido o homem deveria ser alto, malhado e rico. Todas se olhavam e balançavam a cabeça. Nada poderia ser mais fútil.
          Um dia Cristina aproveitou uma deixa para pedir um ingresso para uma destas danceterias famosas que ela tinha tanta vontade de conhecer. Haviam sido colegas no colégio e se reencontraram na empresa. Cristina era o oposto de Marcele. Baixa, com muitos quilos em excesso e um rosto comum, se destacava por uma personalidade forte e uma auto-estima inabalável. Uma combinação pitoresca que parecia agradar a gregos e troianos, pois ao contrário da bela Marcele, estava sempre rodeada de homens.
          Marcele nunca falava, mas achava a amiga vulgar e seus pretendentes um bando de fracassados de péssimo nível. Mas ela era uma amiga de verdade e isso deveria ser suficiente. Naquele dia no entanto, Marcele não conseguiu segurar sua língua e acabou magoando a amiga. Olhou-a de cima a baixo antes de dizer que pobre não entrava e pronto.
          Constrangida pela humiliação, Cristina virou as costas e se afastou. Assim como ela todos os outros se afastaram. Cada um tinha um motivo para evitar a companhia de Marcele, mas ela achava que a razão estava do lado dela.

sábado, 15 de maio de 2010

Minha gata é chocólatra

Como diria Alice: "Gatos sorriem e podem desaparecer". Mas eu acrescentaria: Gatos podem ser chocólatras! Descobri recentemente qe minha gata realmente ama chocolate. E podem crer que não é desejo de grávida, já que ela é castrada. Ela simplesmente deve ter herdado sabe-se lá como minha atração incomensurável por esta substância deliciosa. É impossível descrever com perfeição a cena, mas tentarei.

Coloquei uma fatia de torta de bolachanum prato. Daquelas feitas com um creme de chocolate entre as camadas de bolacha maria. Um doce simples, mas maravilhoso. Voltando ao assunto,me servi e, imediatamente, fui abordada pela gata. Ela andava ao meu redor miando ininterruptamente e escalando minha calça jeans com suas unhas fininhas e afiadas. Imaginei que ela estivesse com fome e fui repor a ração no pote. Me enganei, o pote estava cheio. Voltei para a mesa, com a gata sempre aos meus pés, miando. Desta vez ela subiu na mesa e me olhou suplicante e se lambendo. Terminei de comer e coloquei o prato na mesa. Na mesma hora ela foi até lá e começou a lamber o prato até não sobrar nada.

Esperando

          Incontáveis foram os dias em que permaneci naquele banco à sua espera. Geralmente chegava ali cansada e olhava ansiosa naquela direção buscando um espaço livre, mas dificilmente o encontrava. Após um longo tempo de espera eu conseguia sentar. Sentar e relaxar. Descansar. Espairecer. Observar o ir e vir das pessoas, como se vestiam, o que carregavam. Observar o trânsito sempre caótico.
          Vi executivos falando em seus celulares, adolescentes que trocavam confidências sem desconfiar que alguém as escutava, crianças que entravam correndo no carro dos pais com suas mochilas, namorados brigando, casias se conhecendo. Sentada naquele banco de madeira semi-destruído tive a oportunidade de presenciar cenas de todo tipo, das inesquecíveis às corriqueiras. Estava lá quando uma aliança de noivado foi parar no meio da rua após uma discussão do casal. Também vi de perto os sanduíches de mortadela vendidos por uma senhora em uma grande caixa de plástico serem vendidos com uma rapidez impressionante. Observava divertida as pessoas que tentavam atravessar a rua no meio do movimento de carros, fazendo sinais e correndo para escaparem ilesas dos motoristas desatentos.
          Inúmeras vezes ri sozinha do que acontecia ao meu redor. Provavelmente fui taxada de doida por centenas de pessoas devido a essa atitude. Perdi as contas dos livros que li enquanto esperava. Com quantas pessoas conversei naquele local? Centenas... centenas de histórias diferentes contadas por seus protagonistas de forma espontânea.
          Existem coisas que somente o tranporte público pode nos proporcionar, mas bem que aquela linha de ônibus poderia passar com mais frequência...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ervas Daninhas Não Precisam de Adubo (parte 3/6)

          Depois do impacto dos primeiros meses, Marcele já estava adaptada e colhia os frutos do seu trabalho. Já conseguia pagar algumas festas ou roupas além dos estudos e isso a deixava feliz.

          Seu esforço foi recompensado com uma vaga no curso de farmácia de uma faculdade privada e uma bolsa permitiu que ela realmente conseguisse cursar. Foram anos muito diferentes dos anteriores.

          Rodeada por pessoas simples e tendo necessidade de usar roupas mais surradas nos dias de aula de laboratório, Marcele lentamente começou a mudar sua visão da vida e do mundo. Passou a valorizar as pessoas pelo que realmente eram e não pelo valor da etiqueta da roupa que vestiam. Fez amizades verdadeiras e pela primeira vez teve com quem dividir seus sentimentos, com quem dar risada sentada num boteco. Conseguiu finalmente permitir que conhecessem sua casa e, para sua surpresa, descobriu que ninguém deixou de falar com ela porque morava num prédio simples.

          Apesar disso, alguns sonhos permaneciam dentro dela. Adormecidos, mas ainda vivos. Temporariamente arquivados nas profundezas do seu cérebro.

          Conhecer Luis foi a gota que faltava para aquela semente voltasse a crescer. Como uma erva daninha, foi progressivamente tomando conta do seu corpo, sufocando os valores que havia aprendido. Marcele não sabia explicar o motivo pelo qual se apaixonara por aquele jovem feio, franzino e de cabelos desgrenhados e sebosos. "Gosto do jeito dele." - disse às amigas, que a fixaram com um olhar descrente. Impossivel! Ele só a tratava mal. "Mas eu gosto da voz dele!" É... devia mesmo ser amor, pensavam todas.

          Marcele não admitia, mas por trás de toda essa aparência esquisita e do jeito grosseiro quando se dirigia a ela, havia um Audi. Ela não precisava ser muito inteligente para concluir que deveria existir também uma gorda conta bancária. Perto dele Marcele se derretia, fazia questão de demonstrar afeto. Em troca só recebia grosserias e indiferença, mas continuava tentando.

          Um dia ela resolveu se declarar a ele. Pensou nas melhores palavras a serem ditas, no local ideal para fazê-lo e em como fazer para que seu plano desse certo. Embora tenha sido desaconselhada por todas as suas amigas, resolveu colocá-lo em ação.

          Ninguém nunca soube ao certo o que aconteceu naquela noite, mas Marcele chegou em casa chorando e faltou às aulas do dia seguinte. as amigas se preocuparam e foram visitá-la e consolá-la. Disseram que ela deveria partir para outra, mas Marcele afirmou que não desistiria de Luiz tão facilmente.

          Inconscientemente criou um novo rótulo para si mesma. Um rótulo que permitia justificar o fim de todos os relacionamentos que teria nos anos seguintes. m rótulo de mulher eternamente apaixonada por alguém que ainda não percebeu sua existência. "Não tinha como dar certo. - repetia - Ele diz que eu não me entrego, mas no fundo, ainda não consegui esquecer o Luis."

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fábulas da vida real

Conheço pessoas que prefeririam desfilar nuas a admitir sua ignorância. Conheço outras que continuam mentindo mesmo quando todos já se deram conta.









 E existem também aquelas que se assemelham muito à raposa. Sempre canalizando sua inteligência para propósitos indignos. A esperteza como ardil máximo do engodo.
Outra noite deitei olhando o falso céu de estrelinhas brilhantes que ainda existe no meu quarto e fiquei imaginando que personagem me identificaria.

Acabei escolhendo a Chapeuzinho Vermelho, que precisou fazer 4 perguntas antes de perceber que não era exatamente a vovozinha que estava na sua frente e sim o temido lobo. Ao menos descobri que o lobo, apesar de toda sua maldade geneticamente programada, é como um adolescente. 
A maldade é como um estirão de crescimento e faz a fantasia de cordeiro ficar curta demais para esconder o lobo que está ali dentro. Além disso, como todo adolescente, é tão crente da própria perfeição que é incapaz de perceber que não engana mais a ninguém.

Socorro! Caí num poço (Parte 2/6)

          Foi como se uma forte rajada de vento sopressesobre seu corpo. Primeiro um calafrio e depois aquela sensação vertiginosa de uma queda livre. Mas faltava a endorfina para que fosse prazeirosa. Marcele ainda não acreditava no que via. Tinha tanta certeza que veria seu nome naquela lista. Mas não... desta vezseus truques não foram suficientes e ela teria que enfrentar um longo ano de cursinho. Pior que isso foi o aviso dos pais na hora do almoço: teria que trabalhar se quisesse realmente estudar ou trabalhar para ajudar em casa se desistisse dos estudos.

          Trabalho... Esta palavra ressoou na cabeça de Marcele durante toda a tarde. Trabalhar parecia coisa de pobre. Gente rica, na sua imaginação, não trabalhava. Sabia que não teria opção, então resolveu pensar nas alternativas. Ligou para uma das suas colegas para pedir ajuda e ela sugeriu os classificados de um grande jornal. Olhou na carteira. Ainda tinha algum dinheiro. Aproveitou que estava no shopping e comprou um exemplar. Empacotadora, auxiliar de serviços gerais, operadora de telemarketing, baby sitter... Sua cabeça estava a ponto de explodir. Será que não havia nenhuma vaga decente disponível? Ascenssorista, vendedora...

          Vendedora? Seus olhos brilharam. Uma vez tinha ouvido falar que as vendedoras das lojas de grife tinham desconto nas roupas. Seu entusiasmo foi tão grande que iniciou uma procura dentro do próprio shopping, conseguindo marcar algumas entrevistas para o dia seguinte. Seria necessário um currículo com foto. Não tinha idéia do que pudesse ser, mas deveria ser fácil, daria um jeito à noite. Com a certeza da contratação, se dirigiu à praça de alimentação lotada como sempre. Pegou um chopp e foi procurar uma mesa livre. Estava quase desistindo quando um senhor a chamou. Estava sozinho numa mesa de quatro lugares.

          Marcele puxou conversa e descobriu que por trás do terno Armani e das chaves de um carro da Toyota deixadas sobre a mesa havia uma vida de muito trabalho e dedicação. Se calou e resolveu pela primeira vez na vida tentar salvar a si mesma. Levantou e foi direto para casa. Precisava organizar seu currículo.