Marcele chegou ao prédio onde morava, pegou a correspondência com o porteiro esubiu. Ainda no elevador começou a abrir os envelopoes. Entre as diversas propagandas e malas diretas estavam as contas do mês e a fatura do cartão. Quase deixou cair todos os seus pertences ao perceber que estava novamente negativa no banco. Não sabia mais de onde tirar dinheiro.
Produtos caros para uso pessoal se misturavam às roupas de grife compradas com um cartão eternamente mantido no limite. apesar do ótimo salário Marcele começou a se endividar. Segundo ela aconteceu porque não ganhava o suficiente, porém com o mesmo salário suas colegasfaziam milagres. Duas já tinham comprado um imóvel e a outra viajava anualmente. Ao invés de usá-las como exemplo, Marcele as criticava por suas fraquezas, suas decisões erradas esuas vidinhas medíocres.
Mas naquele dia ela precisava esquecer tudo isso e focalizar seu problema. Que acontecimentos a teriam levado a esse ponto? Não conseguia lembrar onde teria gasto tanto dinheiro. Como descobrir? Não teve tempo suficiente para formular muitas hipóteses porque seu celular começou a vibrar dentro da bolsa. Nova mensagem: "Festa hoje. Te pego às 22h. quero te apresentar uma pessoa." Olhou as contas sobre a mesa. Não sabia por onde começar. Talvez espairecendo um pouco conseguisse pensar em alguma solução. Resolveu ir à festa e adiar o problema. Olhou rapidamente o relógio e calculou que ainda daria tempo para a manicure e a chapinha.
Correu para o salão agradecendo por ter encontrado um apartamento tão perto de tudo o que precisava, mas lá dentro não conseguiu relaxar como de costume. Sua cabeça insistia em voltar a pensar nas contas por mais que tentasse evitar essa lembrança. Lembrou também do compromisso que havia marcado com a mãe no dia seguinte e chegou à conclusão que não conseguiria acordar a tempo. Chegou a ligar para cancelar o almoço mas não teve coragem. Chegaria mais tarde se precisasse, mas se sentiria mal se não comparecesse.
Um pouco depois das 22h um Audi prata parou na frente do prédio de Marcele e buzinou. Ela estranhou, mas o vidro foi abaixado e ela pode ver a amiga no banco do motorista. Desceu correndo com as sandálias na mão, o vestido preto que mais gostava e acessórios prata. Estava realmente linda ao entrar naquele carro.
"Carro novo?" - perguntou à Flávia.
"Sim. Lindo, né? Ganhei do Paulo, esse cara com quem estou saindo."
Uma estranha sensação percorreu o corpo de Marcele.
Diálogo - arte no iPhone
Há 15 anos
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