Incontáveis foram os dias em que permaneci naquele banco à sua espera. Geralmente chegava ali cansada e olhava ansiosa naquela direção buscando um espaço livre, mas dificilmente o encontrava. Após um longo tempo de espera eu conseguia sentar. Sentar e relaxar. Descansar. Espairecer. Observar o ir e vir das pessoas, como se vestiam, o que carregavam. Observar o trânsito sempre caótico.
Vi executivos falando em seus celulares, adolescentes que trocavam confidências sem desconfiar que alguém as escutava, crianças que entravam correndo no carro dos pais com suas mochilas, namorados brigando, casias se conhecendo. Sentada naquele banco de madeira semi-destruído tive a oportunidade de presenciar cenas de todo tipo, das inesquecíveis às corriqueiras. Estava lá quando uma aliança de noivado foi parar no meio da rua após uma discussão do casal. Também vi de perto os sanduíches de mortadela vendidos por uma senhora em uma grande caixa de plástico serem vendidos com uma rapidez impressionante. Observava divertida as pessoas que tentavam atravessar a rua no meio do movimento de carros, fazendo sinais e correndo para escaparem ilesas dos motoristas desatentos.
Inúmeras vezes ri sozinha do que acontecia ao meu redor. Provavelmente fui taxada de doida por centenas de pessoas devido a essa atitude. Perdi as contas dos livros que li enquanto esperava. Com quantas pessoas conversei naquele local? Centenas... centenas de histórias diferentes contadas por seus protagonistas de forma espontânea.
Existem coisas que somente o tranporte público pode nos proporcionar, mas bem que aquela linha de ônibus poderia passar com mais frequência...
Diálogo - arte no iPhone
Há 15 anos
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