As cartas foram postas na mesa e o jogo teve início. Para alguns, basta aguardar o desenrolar das rodadas, para outros a incerteza da vitória torna a espera insuportável. Tento me manter no primeiro grupo, mas inconscientemente procuro nos olhos dos outros jogadores algo que denuncie seus planos.
Chega a minha vez. Compro uma carta da pilha e a coloco junto às outras. É necessário analisar todas as possibilidades antes de descartar aquela com menor possibilidade de vir a ser útil num futuro próximo. Mesmo após uma análise cuidadosa corre-se o risco de jogar no centro da mesa a carta errada.
E assim como as rodadas de um jogo de cartas seguem as incertezas da vida. Tão fáceis de solucionar quando não participamos diretamente delas, tão atrozes quando somos seus protagonistas. Envolvidos pela insegurança deixamos de sorrir mesmo quando quase tudo parece andar bem. Esquecemos o mundo e focalizamos a dúvida, fazendo dela, e só dela, nosso universo.
No dia seguinte, independentemente do sofrimento envolvido, a solução chega e nos desarma. Sem a dúvida não sabemos mais quem somos ou o que queremos e de repente percebemos que transformamos a dúvida no nosso combustível vital. Sem ela a vida não tem sentido exatamente no momento em que mais deveria ter.
Diálogo - arte no iPhone
Há 15 anos
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