A vida segue adiente, mas dela sou mera expectadora. Dotada de olhos e ouvidos, mas presa num pedestal de cimento de onde não posso sair. Vejo carros passando, crianças crescendo, famílias se formando enquanto continuo aqui no meio deste jardim. Um gramado num cruzamento de duas ruas movimentadas onde ninguém tem tempo de notar minha existência. As únicas mudanças que sofro são aquelas inevitáveis: pelo tempo, pela chuva e pelos vândalos que aqui se divertem nas noites livres. Sonho com o dia em que sairei do anonimato, o dia em que ao invés de garrafas e seringas verei ao meu redor crianças com balões coloridos, carrinhos de pipoca e apreciadores da arte. Só espero que este dia não demore tanto, porque em breve estarei tão depredada que ninguém mais saberá quem sou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário