sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Sexta-feira - 5 anos depois

Naquele ano a festa de final de ano da empresa precisava ser especial. 10 anos de muito trabalho sendo recompensados com o reconhecimento dos clientes. Ao invés da tradicional churrascaria, optamos por uma linda chácara.
As árvores, as cabanas com teto de sapê e a leve brisa convidavam para um mergulho na piscina naquele dia de verão onde o sol, impiedoso, não havia dado trégua até aquele momento.
Me aproximei da água carregando comigo apenas o mais importante: celular, toalha e protetor solar.
Minhas amigas ficaram no bar, me olhando de longe, balançando a cabeça e tomando seus drinks coloridos e super enfeitados. Eu já não estava no clima, queria apenas ficar com Cléber e, claro, um belo mergulho refrescante.
Estendi minha toalha na única das quatro espreguiçadeiras que estava livre e comecei a passar protetor solar.
Percebi que minhas amigas me olhavam espantadas. Continuei. Elas também. Continuaram a olhar e fofocar. Por fim, fizeram sinal para eu olhar o celular.
Mensagem nova: "Sua loka! Pára com isso! Não tá vendo que aquele cara do marketing não para de te olhar? Aquele pirralho doido..."
Olhei na direção delas furiosa.... "aquele pirralho"?
Me virei...
Sim, aquele pirralho estava lá, me olhando com aquele olhar que tanto me agradava, aquele sorriso que eu tanto gostava. Estava sendo cada vez mais difícil para nós esconder o quanto nos amávamos. Não queríamos que ninguém soubesse e no início foi tão fácil....Mas depois de tanto tempo juntos, o que eu mais queria era mostrar a todos como éramos felizes.
Ignorando o resto dos colegas fui até lá e pedi a Cleber que passasse protetor solar nas minhas costas. Sentei entre as pernas dele na espreguiçadeira de forma a conseguir olhar com o canto do olho para as minhas amigas.
Elas pareciam não acreditar no que viam e isso me divertia.
Enquanto ele passava o creme, me abraçava até que segurei suas mãos e seu abraço. Está cada vez mais difícil esconder, falei.
Ele apertou o abraço e deu um beijo na minha nuca, sussurrando: te amo!
Olhei para as minhas amigas e levantei.
- Vou buscar algo para beber.
Rapidamente uma das gurias se aproximou sem saber muito bem o que dizer. Aproveitei o silencio dela e falei:
- Que que foi?
- Podes me dizer o que te deu? Pedir pra ele passar protetor em ti?
- E daí?
- Tudo que ele queria... conseguir chegar perto de ti...
Suspirei e pedi dois chopes.
(Como se ele não tivesse tocado em mim antes...)
- Aline! Aquele cara é louco! E além disso é um piá, feio, desarrumado...
Deixei ela terminar a ladainha sem nem registrar as palavras enquanto eu esperava o garçom trazes nossos copos.
Por fim, peguei os copos, olhei pra ela e desabafei:
- Ele é louco, sim... por mim.... e eu por ele.
Minha amiga ficou perplexa... quase deixou cair a bebida que estava tomando.
Segui para a piscina, feliz e com a sensação única da liberdade.
Já não precisávamos mais disfarçar.
Não importava o que os outros pensassem, ninguém me fazia tão plena como ele.


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